Não era nada daquilo, por mais que a intenção fosse o movimento, mesmo andando tudo era estático. Caminhando o trajeto da agência até a empresa, cada passo sem força e automático era uma digital impressa da sua vida, não via nada nas ruas. Entrou na sua sala, esperou seu chefe chegar e passou os acontecimentos para ele, omitiu seus pensamentos e algumas atitudes, engrandeceu outras e criou um pouco além da história, sabia que ele resolveria tudo com um telefonema – ainda assim havia tentando o esforço de se fazer útil. Voltou para sua rotina, em frente à telinha brilhante e quadrada seus pensamentos percorriam milhas enquanto o corpo cumpria movimentos automáticos e caminhos muito bem pré-determinados. O último pensamento, já no ônibus de regresso para casa, ela registrou na contracapa do livro e deixou no banco quando desembarcou. Alguns dias depois, em algum jornal de grande circulação, apareceria uma nota de abandono de emprego.