Ela não sabia o que dizer. Não sabia se devia contar a verdade ou se inventava uma história qualquer apenas para não deixá-lo sem resposta. Mas o fato é que Leonor já estava completamente desnorteada, incapaz de dizer qualquer coisa que não fosse a verdade.
- Estou com medo, respondeu.
- Medo de quê, porra?! ele gritou, irritado.
- Da minha mãe, berrou, descontrolada.
- Mas ela não morreu, caramba?
Fez que sim com a cabeça, quase sem forças para continuar em pé.
- E então? Não precisa ter medo, pô!
Leonor enxugou as lágrimas que escorriam pelo rosto e engoliu um soluço antes de continuar:
- Preciso, sim. Desde que morreu, continuo ouvindo mamãe me chamar. Sei que ainda está aqui.
- Você tá me zoando?
- Não, não estou.
Ele segurou os cabelos, pensativo, andou pelo quarto, observando os cantos.
- Você só tá nervosa porque faz pouco tempo que ela morreu, arriscou uma explicação lógica para o medo dela.
- Acha que não cheguei a pensar nisso? disse com um riso quase de ironia. - Não é verdade, ela ainda está aqui. Acabei de ouvi-la me chamar, por isso pedi para você vir aqui.
- Você é doida! Quer dizer que faz dois meses que ela tem aparecido?
- Ela morreu duas semanas atrás. Aqui em casa.
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