Lembra com preocupação quando Osvaldo ainda era vivo. Ele era vendedor de frutas e mantinha um pequeno negócio próximo da vila. Um homem exemplar. Por conta de seu zelo com a mercadoria sua clientela fixa tornou-se cada vez maior. No caminho de casa ele parava para fazer uma fezinha na loteria. Osvaldo sempre foi persistente, dizia à esposa que acreditava na sorte, e assim consumia a maior fatia de seu ganho. Noemia não se queixava. Ela não se queixava de nada. Professora, dona de um salário razoável já nessa época se dedicava a fazer o bico na imobiliária do Ramalho como corretora plantonista e ainda se dizia abençoada, pois seu Osvaldo era um marido muito bom, e dinheiro e saúde não faltavam, Graças a Deus!
Noemia gosta que lhe conheçam o sobrenome do qual se orgulha. Noemia Tavares de Lima, Tavares de seu pai que Deus o tenha, e Lima do esposo, que descanse em paz!
Boa, uma mulher boa que só vendo! Um coração tão bom tem a minha Noemia! Era assim que Osvaldo se referia à esposa. Discutiam às vezes, ele porque apostava na loteria, ela porque falava demais.
O marido tanto insistiu que acabou por acertar numa fezinha, o que lhe rendeu um bom dinheiro. Noêmia depositou tudo na caderneta de poupança e não permitia que o marido efetuasse saques dizendo que era dinheiro de férias. Mas não saiam de férias. Osvaldo morreu pouco tempo depois vitima de uma infecção causada por uma bactéria que ele contraiu não se sabe de quem e nem de onde.
Noemia sofreu muito a ausência de seu companheiro, foi quando descobriu a música, o canto e o videokê. E foi aos poucos se tornando uma cantora, participou de concursos, ganhou uns e perdeu outros tantos. Hoje Noemix alimenta o espírito de Noêmia.
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