Enverga terno caro, pisando pouco caso sobre os sapatos lustrados. Deixa o carro com manobristas, carrega pompa e arrogância, já que a maleta deixara na rua da amargura. Abre as portas como o rei de Roma e como bom tirano passa por todos sem um único bom dia.
Senta-se à mesa cercado da mulher e dos filhos, enquadrados em meia dúzia de sorrisos que permanecem felizes apenas por um segundo. A solidão era tanta que mais pareciam senadores da oposição julgando os seus atos entre olhares de soslaio. Logo lhe vem dois ou três subalternos, quase ao mesmo tempo com os mesmos defeitos: eram incapazes de resolver aquilo sozinhos. Ao mesmo tempo tocam os telefones, clientes se aproximam e a paciência de Júlio se afasta. Seu rosto se enrubesce e sua vista se turva enquanto aquela platéia cativa se estanca à espera de respostas.
Na mesa ao lado a colega sabe o que se passa, enquanto rabisca o bloquinho de rascunhos. Acompanha a tudo do majestoso par de olhos verdes, ela e o garotão da outra agência, pendurados os dois à linha 1.
– Hoje vai ter –diz a moça, baixinho.
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